O dia caía docemente sobre o pomar no qual um velho camponês
e sua esposa descansavam. No fundo do campo, se desenhava a massa imponente da
qual as pessoas d’Essé, e os outros, chamavam de Rochedo das fadas.
- No tempo em que acreditávamos nas fadas, a vida era
menos dura – suspira a mulher.
- A terra era certamente mais baixa e os fardos de
feno mais pesados – replica o homem.
- Mas as fadas ofereciam presentes àqueles que as
amavam, e após sua morte, elas pegavam suas cinzas.
- Talvez você tenha razão, responde o homem pensativo,
deveríamos sempre honrar as fadas.
E enquanto eles suspiravam o tempo das antigas
lendas, uma pequena aurora começou a brilhar no meio das macieiras em flor. Em seu
centro, pegava forma uma leve silhueta, vestida de branco, coroada e cinturada
de bagas vermelhas. A adorável criatura avança para eles e eles escutam risos
cristalinos, sininhos invisíveis batiam em torno dela.
Enfim, ela fala: "porque vocês não se esqueceram das
fadas, eu, a Fada do Azevinho, vou recompensar vossa fidelidade. Eis aqui uma
bolsa repleta de moedas de ouro. Vocês poderão gastar à vossa vontade, vocês terão
sempre mais, muito mais, até o fim de vossas vidas. Eu não lhe peço que um serviço
em troca. Tenho ali um vaso cujo conteúdo é muito precioso para mim e eu vou
enterrá-lo sobre o rochedo das fadas. Eu lhes incumbo de vigia-lo e, sobretudo
de jamais, nunca, procurar saber o que ele contém".
Ela entregou-lhes um vaso esculpido de linhas
entrelaçadas, depois desapareceu numa última poeira prateada.
O ouro era inesgotável, como havia prometido a fada.
Mais arados, mais colheitas. Os dois velhos passaram a comprar pão, carne,
cidra, creme e manteiga. Eles se vestem e mobíliam a casa como burgueses. O tempo
passa, e após ter provado o prazer de não fazer nada, eles conheceram o tédio. Bem
conhecido como o malvado conselheiro.
A mulher se lamentava – eles não tinham bastante
dinheiro para fazer compras e pegar o trem para a grande cidade. Ela começou a
pensar no vaso escondido da fada. Qual excitante segredo ele continha? Ouro, sem dúvida. Pegando um pouco emprestado,
permitiria comprar terras, ganhar mais ouro e depois ela reporia a soma sem que
a fada notasse. Seu marido a dissuadia fortemente.
Mesmo assim ela se rasteja sobre o monumento, mas o
voo de damas brancas aos olhos de ouro a fazem retirar-se. Então ela alega que
ela escutava um lamento vindo das grandes pedras e que raios de fogo apareciam
a noite. “e se o vaso continha ossos de um prisioneiro das fadas morto de
tristeza? Ou aqueles de uma criança trocada que não teria sobrevivido? Nós
devemos salvar essa alma, lhe dar uma sepultura”.
Mas seu esposo não cedia. Enfim, uma noite, ele
tomou sua decisão. Chegando ao rochedo das fadas, ela desenterra por alguns
instantes o pequeno vaso. Um punhado de cinzas, alguns fragmentos de ouro, eis
o pobre tesouro que ela descobre. Se tremendo, ela recoloca o recipiente na
terra, o recobre o melhor que ela pôde e volta para casa.
O fogo estava apagado e seu marido chorava, sentado
na sua casa que não era mais que um triste casebre. Em pé diante dele, a fada
chorava também, do amor inconstante dos homens e de sua confiança traída. Seu vestido
tinha tornado-se cinza e as bagas de azevinho haviam murchado, em seu pescoço e
em seu corpo.
Fonte: Culture Bretonne e Commune D'Éssen.
O monumental dólmen do rochedo das fadas está
situado na comuna de Éssen em Ille-et-Villaine. Ele mede 19,5 metros de comprimento,
4,70 metros de largura e aproximadamente 4,10 de altura. Esse impressionante edifício
data do período final da era neolítica e é constituído de uma quarentena de
blocos de xisto pré-cambriano. Esses xistos, não presentes na região, devem ter
sido importados. O deposito de xisto mais próximo encontra-se na floresta de
Treil a 5 km do rochedo. É um trabalho titânico tendo em vista o tamanho dos
blocos de pedra, cujo umas 12 devem pesar cerca de 40 toneladas.
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