segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Cólera de Taranis - parte II


“Teutatès! O Teutatès!” eles imploram desesperadamente pelo protetor de sua tribo, aquele que invocamos contra todos os perigos: guerra, epidemia, fome. O bom Teutatès poderia aplacar a ira de Taranis, esse terrível mestre do céu celeste que os druidas não acalmam que pelo sacrifício de vitimas queimadas vivas?

Dagolitos e Éporédax acham que os rochedos que eles cercaram subitamente ganharam formas estranhas, aquelas de monstros ameaçadores, silhuetas inquietantes que parecem se preparar para uma maléfica dança.

Os dois guerreiros pensam nessas historias que lhe contavam antigamente os seus pais: aquela do pastor petrificado com seu rebanho; também aquela do gigante celta que combateu sozinho durante três dias e três noites um exército inteiro antes de morrer. Não poderíamos dizer que esses dois pontos perdidos além da bruma não seriam chifres de seu capacete?

No entanto Taranis, apesar de sua sinistra reputação, não é implacável. Ele quase esgota sua reserva de raios. Sua roda se afasta; a tempestade se torna mais surda. Aproveitando da calmaria, os gauleses correm até a floresta onde, escondidos sobre as arvores, eles se sentem em segurança.

A cólera do deus recai pouco a pouco. Ele esboça mesmo um leve sorriso de satisfação, feliz de poder, mais uma vez, mostrar sua força e dar uma lição a esses gauleses imprudentes. Não será tão breve que um homem tentara novamente tal aventura! O cume da montanha continuará um lugar inviolável e sagrado como são a maioria dos lugares altos da Gália.

A deusa Arduinna, cavalgando um javali selvagem, vigia a floresta de Ardennes, enquanto que a divindade Vosegus reina sobre a floresta de Vosges. Assim, todos os lugares onde a terra se aproxima do céu são considerados pelos gauleses um lugar de respeito e veneração. 

Les Legéndes du Monde - traduzido do original em francês por Elantia Leto

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