“Teutatès! O Teutatès!” eles imploram desesperadamente pelo
protetor de sua tribo, aquele que invocamos contra todos os perigos: guerra,
epidemia, fome. O bom Teutatès poderia aplacar a ira de Taranis, esse terrível
mestre do céu celeste que os druidas não acalmam que pelo sacrifício de vitimas
queimadas vivas?
Dagolitos e Éporédax acham que os rochedos que eles cercaram
subitamente ganharam formas estranhas, aquelas de monstros ameaçadores,
silhuetas inquietantes que parecem se preparar para uma maléfica dança.
Os dois guerreiros pensam nessas historias que lhe contavam
antigamente os seus pais: aquela do pastor petrificado com seu rebanho; também
aquela do gigante celta que combateu sozinho durante três dias e três noites um
exército inteiro antes de morrer. Não poderíamos dizer que esses dois pontos
perdidos além da bruma não seriam chifres de seu capacete?
No entanto Taranis, apesar de sua sinistra reputação, não é implacável.
Ele quase esgota sua reserva de raios. Sua roda se afasta; a tempestade se
torna mais surda. Aproveitando da calmaria, os gauleses correm até a floresta
onde, escondidos sobre as arvores, eles se sentem em segurança.
A cólera do deus recai pouco a pouco. Ele esboça mesmo um
leve sorriso de satisfação, feliz de poder, mais uma vez, mostrar sua força e
dar uma lição a esses gauleses imprudentes. Não será tão breve que um homem
tentara novamente tal aventura! O cume da montanha continuará um lugar inviolável
e sagrado como são a maioria dos lugares altos da Gália.
A deusa Arduinna, cavalgando um javali selvagem, vigia a
floresta de Ardennes, enquanto que a divindade Vosegus reina sobre a floresta
de Vosges. Assim, todos os lugares onde a terra se aproxima do céu são
considerados pelos gauleses um lugar de respeito e veneração.
Les Legéndes du Monde - traduzido do original em francês por Elantia Leto

0 comentários:
Postar um comentário