segunda-feira, 21 de maio de 2012

Os corvos juízes divinos


A quem deve pertencer o enxame de abelhas que se fixou sobre o velho olmo? Audagos, o oleiro, afirma que a árvore lhe pertence, mas Matucenos, o ferreiro, afirma que suas raízes se espalham abaixo de seu prado.

É bem difícil de saber onde passa exatamente os limites que separam os terrenos desse vasto vale comumente inundado. Uma única solução: procurar o druida... O sábio homem marcou uma audiência com o oleiro e o ferreiro na manha seguinte ao nascer do sol, sobre o carvalho centenário onde ele tem o habito de julgar.

Na hora marcada, Audagos e Matucenos estão lá, assim como inúmeros curiosos. O druida faz todo mundo recuar a uma boa distancia. Ele suspende sobre os galhos gigantescos da árvore a madeira da verdade. Em cada uma de suas extremidades, ele coloca um pedaço de bolo: o da direita, feito por Audagos e a sua esquerda aquele de Matucenos.

De uma gaiola ele libera dois corvos que têm a particularidade de possuir algumas plumas brancas, marca divina e incontestável aos olhos dos gauleses. O inicio de suas asas foram ligeiramente cortadas dificultando o voo livre, assim desde que eles alcançem certa altura, caem desequilibrados.

O tempo passa e em pé de frente ao carvalho, o druida espera impassível, qual uma estatua de mármore. As pessoas, mais e mais numerosas, impedem os pássaros de deixarem o circulo de sombra desenhado sobre o solo pelas densas folhagens.

Um dos corvos saltita sobre a madeira. O ferreiro e o oleiro olham-no com ansiedade. Será que ele percebeu os bolos? Sobre qual pedaço ele vai se dirigir? Finalmente, ele parece os desdenhar... depois, bruscamente, quando parecia que ele iria se afastar, alguns bateres de asas atrapalhados lhe colocam sobre o bolo de Matucenos, que ele espalha com poderosas bicadas: os deuses recusaram! O oleiro ficará com o enxame de abelhas.

Os celtas consideram os corvos, e os pássaros em geral, como companheiros dos deuses, capazes de se elevarem até o céu, eles são os mensageiros divinos.


Les légendes du Monde - traduzido do original em francês por Elantia Leto

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