segunda-feira, 21 de maio de 2012

Vélleda a druidesa gaulesa

Sempre se escutou falar que não existiam mulheres entre os druidas, que só os homens eram admitidos. No entanto, na história e arqueologia há muitas controvérsias quanto à possibilidade de que um dia as mulheres foram de fato Druidesas. Mas uma coisa é certa: as mulheres eram Vates. Chamadas de Banduaid, Banfhlaith ou Banfhilid, as mulheres eram guardiãs do fogo sagrado.

A classe dos Vates, na sociedade celta, se ocupava mais particularmente do culto aos deuses, da divinação e da medicina. No entanto nada que pudesse reprimir a influência das druidesas em outras classes sacerdotais. Algumas profetisas tinham tanta importância na tribo celta que muitas vezes eram as conselheiras preferidas do rei, função regularmente atribuída ao druida teólogo.

Na mitologia céltica podemos nomear diversas druidesas: Aoife, Birog, Bodmall, Fionn, Fidelma. Muitas vezes o papel de profetisa se estendia à iniciação guerreira e sexual dos heróis. O grande druida Gàine, que na verdade era uma mulher, confirma o grande poder que elas exerciam sobre o povo. 

Na história Gaulesa, temos uma importante profetisa que viveu na época do imperador romano Vespasiano (69-79 J.C.). Seu nome era Velléda – aquela que vê – da tribo dos Bructères [teutons], e dominava um vasto território, recebendo tamanha veneração a ponto de sua influencia se estender até a esfera política.

Filha do chefe Segenax, comandava exércitos e era juíza de grandes conflitos, sendo o mais famoso, a briga entre as tribos de Cologne e Tenctères – de forte influencia germânica. Considerada como uma deusa viva, diziam ser filha de Sucellos e Nantosuelta.

Profetisa de Civilis* durante a rebelião entre os Bataves** contra Vespasiano em 70 J.C foi capturada por Gaius Licinius Mucianos, mas pelo respeito que impunha, foi tratada com clemência e levada como prisioneira de Roma, por Gaius Rutilius Gallicus em 78 J.C, onde viveu até a sua morte alguns anos depois.

De acordo com Tacito, “era proibido a qualquer pessoa se aproximar de Velleda ou de lhe dirigir a palavra, como que para lembrar-lhes a veneração que lhe era dotada. Ela ficava numa alta torre, d’onde um membro de sua família era responsável de transmitir as questões e as respostas, como mediador dos homens com a adorada. Muitos a tem como divindade, e assim como ela, também existiram outras, como Aurinia sua antecedente”.

Fonte: Challamel Augustin - Vélleda, 1988.



* Gaius Julius Civilis ou Claudius Civilis era um chefe celta mas com nacionalidade romana, como indica seu nome. Fermentou uma rebelião de seu povo contra Roma, juntamente com seu irmão Paulus. 
** A tribo dos Bataves fazia fronteira entre a Gália romana e a Germânia, recebendo muita influencia dos mesmos. Seu território atual é a Holanda.

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