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Os 25.000 homens do cônsul Postumius penetram com apreensão
na sombria floresta de Litena, no território dos Boiens, uma tribo da Gália
Cisalpina, no norte da Itália. Os romanos temem os lugares arborizados onde suas legiões
não podem evoluir livremente e onde, sempre a mercê de uma emboscada, eles são
particularmente vulneráveis. Portanto, nessa região acidentada, não existe
outro caminho que não seja esse desfile estreito que serpenteia entre as
encostas cobertas de escuros pinheiros.
Os soldados de Postumius têm razão de desconfiarem. Os
gauleses lhes prepararam uma armadilha à sua maneira. De cada lado do caminho,
sobre uma boa largura, eles cortaram a base dos troncos das arvores de maneira
que elas fiquem ainda de pé, mais que o menor choque possam lhes fazer cair. Quando a maioria da tropa romana está bem posicionada, os
Boiens escondidos nas alturas, empurram os pinheiros que estão próximos a eles.
Esses conduzem por sua vez, as arvores que estavam embaixo que, em seu turno,
levam as mais baixas e assim por diante.
Por esse hábil processo, seções
inteiras de florestas se abatem sobre o exército romano num horrível acidente. Na impossibilidade de fuga, a maioria dos romanos são
esmagados ou feridos. Surgindo de todos os lados com poderosos gritos inumanos,
os gauleses correm furiosamente para os sobreviventes. Para bem mostrar seu
desprezo pela morte, muitos não possuem nenhuma vestimenta; eles tem unicamente
torques e pulseiras de ouro.
Somente um escudo multicor protege seus corpos revestidos de
pinturas coloridas. Esse espetáculo impressionante aterroriza os romanos ainda
vivos, que se deixam massacrar sem mesmo tentar se defenderem. O único é o
chefe Postumios, que tenta corajosamente lutar antes de sucumbir em seu turno.
Os Boiens levam sua cabeça como triunfo para sua fortaleza.
Seu crânio, banhado em ouro, se tornara um vaso à libações utilizado
em cerimônias religiosas. Quanto ao saque, os gauleses, antes do combate,
haviam feito o voto solene de os oferecer à Teutatès. Eles transportam então
todos os objetos recuperados dos inimigos, em particular as armas e as joias,
para um local isolado. Lá, eles os empilham num pequeno monte. Esse depósito
sagrado não será nunca roubado. Infeliz daquele que ousasse tocar no tesouro
dos deuses!
A floresta, uma vez mais, salvara os gauleses. E em varias
ocasiões, ela lhe fornirá um refugio protegido, notadamente das expedições de
Cesar, quer seja a imensa floresta da Europa central cuja travessia necessita de
mais de sessenta dias de marcha ou aquela dos Trévires*, perto de Moselle*, que
poderia abrigar toda uma população. Escondidos nesse universo impenetrável, os
gauleses podem sobreviver graças aos frutos e às caças que eles encontram.
*povo celta que viveu na Gália do leste, atual Bélgica.
** Rio francês, afluente do Rhin. Atualmente é o nome de um
estado.
Les Legendes du Monde - traduzido do original em francês por Elantia Leto
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